Dentre os milhões de sonhos que eu tenho – sim, minha cabeça não para de imaginar coisas loucas e sem as quais, muitas vezes eu acho que não posso mais viver – um deles toma boa parte de meus dias: poder apenas estudar.
A maioria das pessoas que eu conheço me diz que isso é loucura, bobagem, desculpa para não fazer nada. Mal sabem o trabalho que dá!
Estudar para aqueles que se dedicam a isso, dá um trabalho imenso. Demanda pesquisa, leitura, tempo, reflexão, escrita, releitura. Tudo isso cansa. Não é um cansaço que com uma boa noite de sono passa. É um cansaço que se acumula, que pesa, que chega a doer.
No atual momento de minha vida estou num desses trabalhos exaustivos de pesquisa. Aliás, para ser mais correta, de pesquisas. Assim, sinto que o cansaço é tremendamente maior, que exijo de minha mente muito mais do que já exigi de meu corpo em qualquer outra circunstância.
Preciso encontrar o ponto exato em que minhas ideias coincidam com um plano de aula ideal. Fazer com que o meu planejamento faça sentido, com que as ideias que pululam em minha mente façam sentido no papel e que, consequentemente, ao explicar minhas ideias, elas façam sentido. Já passei pela experiência de falar sobre um de meus planos em sala de aula e depois querer que o mundo se abrisse e me engolisse já que não fazia sentido o que eu falava… Não diante do que eu havia pensando.
Também preciso fazer com que a minha paixão atual pelos “meus velhinhos” seja explicada de maneira inteligente, academicamente. Com início, meio e fim. E não apenas como a minha descoberta por algo mais em mim – se é que houve essa descoberta em mim.
Para tanto, eu sei bem, é preciso do tempo para reflexão, para análise dos pormenores, para a elaboração dos conceitos, o real entendimento da teoria, a absorção das leituras, a compreensão do que escrevo, leio, vejo, ouço, anoto. Como conciliar tudo isso em um mundo que corre depressa demais?
Esperava que nestas férias pudesse ter o mínimo de tempo para tudo isso – e na verdade para mais um pouco. No entanto, me dou conta agora, de que este processo é muito mais lento e delicado do que eu supunha.
Não é como um livro lindo que você lê, encontra similaridades com sua vida, dorme e segue em frente. É uma tarefa que suga a energia, que tira o sono. Deito e não encontro o caminho dos sonhos tranquilos, porque me lembro de um trecho em um dos textos que não compreendi direito, ou de algo que escrevi e que preciso mudar, ou de um autor que me indicaram e que ainda não li, ou de um site que marquei nos favoritos mas não tive tempo de olhar.
Tenho, portanto, esse sonho de acordar amanhã e receber a notícia: “você não precisa mais se preocupar com outras coisas, pode dedicar-se apenas aos estudos”. E imagino que a pessoa que me dará essa notícia olhará com desdém em meus olhos imaginando que fui premiada com uma vida boa, cheia de dias preguiçosos e noites relaxantes, quando na verdade, estarei em dúvidas sobre meu prêmio… Embora eu adore estudar, pode ser um “presente de grego”… É sempre bom ter cuidado com o que se deseja.