Dos dias de paz

Todos os anos fazemos planos incríveis para nossas férias! E é uma delícia planejar esses dias de paz e sossego.

Neste ano, não foi diferente. Não comigo. Aliás, comecei a planejar as minhas férias de 2012 ainda em 2011, tão logo retornei ao trabalho depois das primeiras férias de minha vida.

Para este ano havia previsto uma série de coisas, compras. Algumas foram cumpridas, outras deixadas de lado.

Mas no geral, creio que me saí muito bem!

A primeira providência era comprar muitos livros e ler a maior parte deles. E, como sou uma fanática por este tipo de atividade, obtive sucesso neste item. Até porque eu estava de volta às aulas e precisava escrever artigos e não apenas ler pelo simples prazer de deixar a mente voar livre por aí. Claro que me deliciei com essas leituras mais “duras” e tive pouquíssimo tempo para a literatura, mas são os ossos do ofício.

Outra de minhas providências foi comprar uma cômoda para enfim organizar minhas coisas, que há muito clamavam por isso. Adoro ter onde esconder a desordem! Quando tudo está atrás de uma porta, as coisas parecem tão arrumadinhas… Além disso, a cômoda servia a um outro propósito: servir de “puleiro” para meus filhotes. E aqui, começa minha terceira, e talvez mais importante atividade: brincar com o Boris, a Pandora e o Jorge.

No início o Boris encontrou problemas na altura da cômoda, e precisei criar mil maneiras de auxiliá-lo e encorajá-lo. Hoje dá orgulho ver o pulo do meu gatão!

Embora esses três não tenham me deixado dormir muito em minhas férias – o que serviu para que eu não deixasse a leitura ficar acumulada – eles merecem muito carinho. E o meu plano este ano era ficar fora de casa o mínimo possível para poder me dedicar a eles. Pela manhã jogávamos bola, sacolinha, e até o famigerado rato de plástico entrou na brincadeira.

Depois eles pulavam em meu colo – quando o Boris deixava espaço para os outros dois – e passávamos horas assim: eu sentada com eles no colo e um livro na mão. Quando alguém – eles ou eu – enjoava desta posição, a corrida recomeçava, até que esta velha mãe fumante pedisse arrego.

Comer não era bem um plano… a não ser que se tratasse de tudo o que já estivesse quase pronto. Essas coisas modernas são maravilhosas: pipoca, sucrilhos, congelados… O reflexo vi na balança. Mas férias servem para isso.

Meu pai veio me visitar, fizemos um passeio, dei-lhe algumas aulas de internet, rimos e até fiz feijão para ele!!!! Um marco na minha história!

Dias depois foi a vez da minha mãe. E aí sim a coisa ficou doida. Esquecíamos de comer para ficar brincando no celular novo dela, para descobrir se uns cãezinhos eram ou não abandonados – e isso enquanto íamos ao mercado e voltávamos distribuindo comida para os bichinhos nas ruas.

Entre a visita deles meu irmão aparecia aqui para vermos velhos filmes e nos matarmos de rir.

Quando a vida voltou ao normal, ou melhor, ao que eu gostaria que fosse normal: minha casa em silencio, meus gatos pulando e destruindo tudo, meus livros, eu falando sozinha, as férias chegaram ao fim.

Tive sim a sensação de missão cumprida, mas ao mesmo tempo de imensa infelicidade por não poder ter mais desses dias que passaram tão rápidos e nos quais eu aproveitei cada segundo.

Sabia que terminaria. Portanto tentei fazer tudo e mais um pouco. Mas a sensação massacrante de que a minha vida está acabando, de que as coisas gostosas estão se perdendo, de que meus gatos estão fazendo e aprendendo coisas que eu não estou vendo enquanto envelheço e me desgasto dentro de um lugar que não reconhece meu trabalho – algum lugar efetivamente reconhece? – e no qual as únicas coisas boas são umas 7 pessoas (devem trabalhar lá cerca de 50 pessoas) e o ar condicionado, acaba com minhas energias.

De qualquer maneira o saldo geral foi positivo. E creio que terei que adiar a viagem que planejava fazer ano que vem só para ter o prazer de mais 30 dias  – já agendados – no conforto de meu casulo ao lado de meus bebês e de meus livros.

Agora é implorar para que esses 12 meses que me separam de uma temporada feliz passem bem rápido. E que sejam leves!