Inabilidades

ice_2016-11-07-16-25-10-192Pra começar eu vou afirmar que sofro de, pelo menos, dupla personalidade. Pelo menos. Muitas vezes creio que são muitas, mas não é esse o assunto de hoje.

Eu amo as coisas super hiper mega perfeitas. Tenho inúmeras manias: pra começar a trabalhar minhas gavetas devem estar super arrumadas, meus lápis alinhados, meus cadernos em ordem, tudo seguindo uma lógica que eu percebo mas que muitas pessoas, não.

Aí, alguém olha e pergunta: “ok, mas suas gavetas estão um caos. Como pode??”

E eu respondo: essa minha lógica de uma organização absurda e maluca só funciona quando amo o que faço, quando me sinto bem para dedicar meu tempo a isso e quando nada mais no mundo me enche de raiva. Ou quando muita coisa no mundo me enche de raiva.

A mesma regra vale para tudo: meus livros, minhas garrafas de água na geladeira, minhas roupas e, claro, as coisas dos meus gatos também.

E, aí, vem o assunto do texto: essa maluquice também se aplica à minha nova atividade, o artesanato.

Meus tecidos ficam organizadinhos, as bagaceiras todas em seus devidos espaços, as linhas alinhadas, os enfeitinhos separados…

Só que, obviamente, eu não tenho Aquele talento. Vou me arranjando pois precisei ter algo que gerasse renda pra ajudar nos gastos com a criançada aqui de casa.

Então, eu começo mais um dia de trabalhos: separo os tecidos, desenho, corto, separo cada um num saquinho e vou montando os bichinhos um a um até acabar tudo. Olho e fico insatisfeita – uma constante no meu ser – e desmancho, jogo fora, choro, xingo, morro de raiva, recomeço.

Algumas coisas viraram monstrinhos adoráveis, outras até gostei, algumas gostei muito, mas a grande parte me enche de raiva e frustração.

Está sendo assim com a merda dos enfeites de natal. Ah, o natal ta chegando de novo – e oque você fez?? – e todo mundo me diz: “olha aí a chance de ganhar uma grana”!!! E eu penso: uau, verdade!!

Mas acabo produzindo coisas pra um natal de filme trash. Fico possessa.

Penso que talvez a gente tenha que ter algum tipo de vínculo com a coisa para que ela funcione. Eu amo ler. Leio rápido, absorvo bem o que leio, recordo as leituras, enfim, tudo a contento.

Só que eu detesto o natal, então cheguei à conclusão que os enfeites de natal não ficarão bons por conta disso. Uma espécie de transferência.

Como a minha lua muda muito rapidamente desisti dessa alternativa. Não quero nada de enfeite de natal, arvorezinha então eu ODEIO. Tudo fica tosco, e não adianta uma alma piedosa dizer: “que é isso? ta super fofo” pois não acredito. Tá horrível mesmo.

Vou começar a investir no mercado alternativo já que miçangar ta virando uma terapia além de fonte extra de renda. Se ficar feio ou tosco pelo menos vou rir. Com o natal eu só to despertando ódio. E nesse caso, não ta adiantando desmanchar e refazer em busca de uma ilusória perfeição.