Adeus 2011

É com imenso alívio que me despeço de 2011.

A ideia de que uma nova vida começa como fim de um ano e início de outro renova as esperanças. Traz uma espécie de paz ao espírito, de leveza.  Mas com relação a 2011 esse sentimento parece mais forte, mais intenso.

Não que 2011 tenha sido inteiramente ruim, mas certamente foi um dos mais duros e difíceis para mim.

Em 2011 eu viajei, eu aprendi um monte de coisas novas, eu tropecei e cai, mas também levantei. Em 2011 eu matei a saudade e a saudade tentou me matar. Eu chorei muito, ri muito, me desesperei, esperneei e tentei olhar adiante mesmo com os olhos marejados de lágrimas.

Em 2011 eu perdi de vez a fé, mesmo que tenha ido em busca dela num dos maiores santuários do país.

Em 2011 em vi como as pessoas se vendem por pouco, como trocam de lado por qualquer valor em dinheiro, como são capazes de trair a si mesmas, de calar, de dar as costas a tudo o que acreditam ou acreditavam ou diziam acreditar. Mas também vi pessoas lutando bravamente, enfrentando todas as dores e seguindo em frente por aquilo que crêem.

Eu revi pessoas que há anos não via, reencontrei pessoas especiais e perdi outras pessoas. Algumas perdi temporariamente, porque se afastaram para encarar a vida em outras cidades, em outros países. Outras eu perdi para sempre. E essa dor é uma das que eu desejo que 2011 leve consigo.

Em 2011 em bebi para comemorar, para esquecer, para acalmar a mente e para acalmar o coração. Eu tentei assim aliviar toda a dor que me acompanhou neste ano.

Eu fiquei muito tempo em silencio repassando muitos momentos da minha vida, olhando para o teto, para o céu, para as paredes, para fotos, para livros, para dentro de mim.

Eu desaprendi a chorar, me senti triste, perdida, sozinha. Eu reaprendi a chorar e isso me trouxe alívio. Eu continuei me sentindo triste e até acredito que algumas almas são sempre assim. Eu encontrei amigos onde não esperava, e eles diminuíram minha solidão e portanto sou grata a eles.

Mas em 2011 eu não construí nada de novo, não dei passos significativos, não lutei por nada que eu queria, não corri atras das coisas que desejei. Eu simplesmente desisti de muita coisa. Eu me abandonei. E o pior não foi isso, foi não me importar com isso. Foi simplesmente fechar os olhos para a vida e não lutar mais por ela, nem por nada.

Em 2011 eu vivi muito mais na minha cabeça, na minha realidade inventada que no mundo real, porque o mundo real me machuca demais e não encontrei, ao longo do ano, forças suficientes para curar minhas feridas e seguir de cabeça erguida. Não encontrei em mim o apoio que precisava.

Em 2011 os baques foram duros demais, e eu busquei ajuda à minha maneira, mesmo que muitos não acreditem nisso.

Eu disse mais “eu te amo”, agradeci mais a presença das pessoas, me entreguei mais. Mas não de todo, porque certas coisas não são exatamente como sonhamos. O que eu fiz, tentei fazer da melhor maneira possível, pois acredito que se não for assim não valerá à pena.

Eu conheci pessoas incríveis, pessoas falsas, pessoas más, pessoas comuns, pessoas como eu, que riem, sofrem, sonham.

Eu tomei ciência – e senti na pele – da maldade dos outros, do ódio. E isso sim fez, com que no geral, eu detestasse este ano que finda agora; fez com que eu acreditasse menos na humanidade e me jogou de vez para dentro do meu mundo seguro, mas que infelizmente, não existe além de minhas quatro paredes.

Eu questionei minha sanidade muitas vezes, percebi como minha memória me trai, como algumas lembranças são confusas, mas também como algumas surgem quando menos se espera, e senti um medo imenso de perdê-las para sempre, e tentei anotar tudo, porque sem elas eu não seria mais eu, e isso, isso sim é algo que tento, a todo custo, evitar. Mas também, com as perdas de 2011, percebi que algumas lembranças ficarão para sempre ali, sem questionamento, sem correções, em preto e branco, para sempre na dúvida.

Em 2011 eu perdi metades minhas. E a cada dia tento remontar o quebra-cabeça da minha existência. É uma dura tarefa.

Em 2011 eu envelheci muito. Espiritualmente falando. Termino o ano imensamente cansada.

E em 2011 eu desisti de acreditar que algum milagre vai acontecer. Assim, eu não espero que 2012 seja especial. Não espero, porque não acredito mais. Eu só desejo que em 2012 eu tenha forças para seguir, para me levantar.

Que 2012 eu possa continuar sonhando, que eu possa lutar pelo que eu acredito. Que eu possa continuar encontrando as pessoas que eu amo e que me amam. Que eu tenha sabedoria para saber esperar, leveza para encarar a vida com mais sorrisos que lágrimas. Paz para analisar as situações e agir da melhor maneira. Que eu possa ensinar e aprender, para isso, desejo humildade.

Adeus 2011. De você não carrego saudades!

 

Eu não gosto do Natal

Se tem uma época que eu não gosto, essa época é a do Natal. As mesmas pessoas que passam o ano inteiro sem sequer saber se você está bem, aparecem para aquele abraço, na tentativa, talvez, de ter seus “pecados” perdoados nestes dias em que o amor deveria reinar.

Mas o amor não reina mais. O Natal agora é só uma época de compras, muitas compras, em que você, seu amor e sua dedicação serão medidos pelo valor do presente.

Houve um tempo em que o natal representava a união familiar, as pessoas se reuniam para agradecer e para desfrutar da presença umas das outras. Mas isso foi há tanto tempo que poucos se recordam.

E essa comercialização do Natal é um dos  motivos de eu não gostar dele. Mas não é nem de longe o principal. Ainda que o sentido original tenha se perdido, ou esteja se perdendo, esta época inspira a reflexão, o peso das ações, a avaliação do ano. E  na maioria das vezes o resultado não é muito bom. Para este ano principalmente.

No fim de ano, as festas, os sorrisos, a alegria que surge do nada – e que muitas vezes nem é de verdade – nos recorda tudo aquilo que perdemos, tudo o que os foi tirado, todos os sonhos roubados. Também recordamos as alegrias, obviamente. Nada é sempre tão ruim. Nem tão bom. E é aí que mora o problema…