2021/2022

Todo fim de ano a mesma coisa: paramos pra nos despedir do ano que finda e começamos a despejar nossas esperanças no ano que se inicia. Olhamos pra dentro, olhamos pro entorno.

2021 foi um ano muito difícil. Tinha a pandemia, tinha a crise, financeira, hídrica e psicológica (entre outras), tinha o medo.

Em 2021 perdi um irmão e, por pouco, não perdi outros dois. Perdi uma colega de trabalho. Perdemos amigos, familiares, conhecidos, ídolos. Perdemos um pouco a esperança, também. Foi um ano cruel.

Em 2021 li menos que o habitual, pois muitas vezes foi difícil segurar a dor, o medo, o ódio e fazer outra coisa que não sofrer, que não esperar, que não lamentar, que não desejar que essa corja maldita que “governa” o país fosse engolida pela terra.

Em 2021 precisei mudar de casa, de bairro, de hábitos. E, apesar de ter sido um choque, num momento em que passava pelo luto, pela dor, percebo que pude me reconectar comigo mesma, que pude aproveitar essa “loucura” pra iniciar o processo de cura, tão doloroso, às vezes.

Em 2021, mais que nunca, precisei (além de ser recomendado) estar só, em silêncio, buscando encontrar um pouco de força pra seguir. Buscando qualquer fio em que eu pudesse me agarrar pra não sufocar.

Aprendemos? Sim. Acredito que todo dia é uma chance de aprendizado, mesmo que soe piegas. Tomara que tenhamos aprendido a não tomar mais decisões tão estúpidas. Tomara.

Dia desses acabou a luz aqui na minha região e somente a Universidade Estadual de Maringá estava iluminada. Quis acreditar que era um sinal. Tomara que seja. Um sinal de que esses tempos tão sombrios estão chegando ao fim. Um sinal de que a ciência e o conhecimento vão triunfar. Um sinal de que deixamos a idade das trevas bem pra trás. Assim seja.
2022? Um novo ano é sempre uma incógnita. A gente faz planos (que às vezes não dão nem um pouco certo), a gente sonha, a gente deseja.

Eu comecei me matriculando numa nova graduação. Correndo tudo bem, devo terminá-la 20 anos após a primeira.

Pra 2022 espero dar conta da nova lista de livros (com muita ficção científica), e desejando não me cobrar tanto, mas também me deixar à deriva (como sinto que fiquei boa parte de 2021).

Começarei sabendo que, embora tenha estado fisicamente sozinha boa parte do tempo, não estive abandonada. E, espero, não abandonei. Ainda que tenha estado mentalmente abalada por bastante tempo. Então, creio, chego um pouco menos enfraquecida. Talvez.
Desafios teremos, claro, o mundo tá todo meio estropiado, e o Brasil (suspiro) tá bem fodido, é isso. Mas que a gente tenha saúde, força e esperança mesmo, até quando estiver doendo. Pq é isso que o ano novo, me parece, significa: a chance de reabastecer. E de tentar mudar.

Que tenhamos sorte.