2018

Aha! Depois de muitos meses longe do meu bloguinho, eis que reapareço para fazer a avaliação de fim de ano!

Eu não tinha sumido por falta do que falar. Embora acredite que ninguém tenha percebido minha ausência, justifico o afastamento com o pior dos hábitos: preguiça. Tá, não foi só a preguiça. 2018 foi um ano em que minha mente deu vários bug. Eu pensava uma coisa e dez segundos depois tinha esquecido. Foi um ano difícil.

E por falar em ano difícil, 2018 foi, sem dúvida, um dos anos mais cretinos da minha existência. Foi cretino porque embora a gente esteja acostumado com gente idiota, esse ano eu realmente fiquei chocada com coisas que vi e li e ouvi. Infelizmente.

O ano não começou lá essas coisas, pois o Pelúcio Mor estava se adaptando ao novo tratamento e estava um pouco fraco. Ele me deu vários sustos ao longo do ano, mas está bem estável.

Depois, a casa em que eu morava ia passar por algumas mudanças mais que necessárias e isso era sinal de transtorno. Explico: o bairro em que eu morava não tinha esgoto em todas as ruas. Assim muitas casas ainda usavam o sistema de fossas, a minha casa inclusive. Começou a movimentação pra quebrar calçadas e tal. E dois problemas me apareceram: a bagunça, o pó, o barulho e as baratas que avançariam sobre meu território e a casinha do Selvagem, que ficava na minha calçada.

Não fazia parte dos meus planos mudar de casa tão cedo mas o destino quis que, levando meus gatos na veterinária, eu desse de cara com uma placa de aluga-se. Hmmm eu adoro passear em sites de imobiliárias e “entrar” nos imóveis. Fiz o teste com o da placa. E, primeiro, vi que era possível fazer a divisão dos reinos, já que o Joaquim fica separado dos outros; e, dois, eu AMEI.

Foi uma correria sem tamanho, ajusta daqui, dali e de mais algum lugar e mudei! Eu gosto muito de mudar. Muito mesmo. Acho super bacana ver o ar novo do lugar novo, a nova ordem, o novo ritmo. Detesto embalar as coisas, mas desembalar e reorganizar é comigo mesmo.

Tudo pronto, casinha do jeito que eu queria, pertinho da veterinária. Crianças tranquilas e traquinas. Ótimo. E o Selvagem? Foi adotado, ta gordinho e serelepe. Mais que sempre!! tem até uma família canina e felina pra chamar de sua. E família é família mesmo, com as doses de amor e de treta. Se deu bem o menino!

Logo depois veio a copa. A porcaria dos fogos, a barulheira sem fim, o caos. Ainda bem que acabou.

Foi um ano em que viajei muito. A trabalho, pra cuidar do meu pai, pra passear com a minha mãe. E eu, definitivamente, não gosto de viajar. Gosto de ficar em casa, lendo, vendo um filme ou vegetando com meus gatos. Então muitas viagens, pra mim, não é sinônimo de coisa legal. É, ao contrário, motivo de aflição, desgaste emocional e físico, estresse.

O estresse também, representado pelo cortisol, deu as caras em 2018. Todos os exames que fiz estavam ótimos, com exceção do cortisol que estava nas alturas. Fibromialgia descontrolada, queda de cabelo, pele destruída, perebas generalizadas. Blá, blá, blá. A gente vai levando…

Mas aí começou o tormento  pelo qual eu considero 2018 um ano ruim: o período de eleição.

Eu gosto de trabalhar nas eleições. É domingo, é cansativo e tal, mas além do dia de folga a que se tem direito por ter ficado à disposição da justiça eleitoral, tem todo o processo, a movimentação, a adrenalina, enfim, deve ser por ser cientista social, também. MAS… esse ano foi bem difícil trabalhar nas eleições. O problema começou antes, né? Então vamos ver porque eu detestei esse ano.

Algumas pessoas por quem eu tinha/tenho muito carinho fizeram comentários simplesmente horríveis. Daqueles que da vontade de chorar, desaparecer, ser engolido pela terra. E aí é que surge o problema do “tinha/tenho”. Quando uma pessoa por quem você nutre carinho posta coisas bizarras você se pergunta como pôde gostar dela. Ela sempre foi assim? Em geral, sim, sempre foram assim. E, talvez, somente diante de um quadro mais bizarro – como o que vivemos hoje – a pessoa se sentiu livre para expor as ideias mais nojentas possíveis. De toda maneira, não existe um botão liga/desliga pra resolver a questão. Teria sido muito mais fácil, com certeza.

Por vezes eu li e ouvi coisas que doíam na alma. Algumas vezes cheguei em casa e chorei. Mas era e é muito complicado lidar com tudo isso.

Entre o primeiro e o segundo turno as coisas pioraram muito, muito, muito. Comentários cruéis, absolutamente infundados, pessoas destilando todo o ódio e toda a intolerância que eram capazes. E eu claro, também senti ódio. Senti repulsa. Senti medo.

O resultado das eleições foi o pior possível, a meu ver. Pois eleger alguém que fala o que o candidato eleito fala é doentio.

Enfim. Meu primeiro movimento foi excluir um monte de gente. Não queria “esbarrar” nesses comentários, nem no veneno deles que deixavam meu dia pior. Aí ouvi críticas. Várias. Cadê a tolerância? Cadê o direito do outro se expressar? Bom, eu prefiro me isolar no meu universo maluco a ler certas coisas. Não vou discutir o “direito” de racistas, homofóbicos, xenófobos, quero mantê-los longe, bem longe.

Depois veio “ah, mas ela não é grata a fulano e a beltrano?”. Sim, eu sou. E, Não, não me esqueci de toda a ajuda que recebi sempre que precisei. O que não significa, em hipótese alguma, que eu ache saudável ler os comentários bizarros, cruéis e, em alguns casos, criminosos, que essas pessoas fazem. Eu precisei “purificar” as coisas, precisei me afastar pra manter o mínimo de sanidade mental. Precisei “apagar” algumas pessoas pra que meu dia não virasse um verdadeiro lixo.

E, no começo, não foi fácil. Nunca é. Era um conflito imenso, um isolamento estranho, um sentimento de perda, de luto, de medo. Será que essa atitude era a melhor a se tomar? E se não fosse, o que fazer?

Decidi sair de algumas redes. Dois meses depois, o sentimento de tristeza diminuiu bem. Converso com poucas pessoas, várias delas com posicionamento bem diferente do meu, nenhuma delas fazendo posts cretinos. Não sei se em seus íntimos concordam com as coisas que me fizeram entrar no meu universo particular e bater a porta. E também não quero saber. Gostei de ficar nesse mundo. Me fez muito bem.

Não sei se voltarei às redes como antigamente, mas confesso que está muito bom como está, embora eu morra de saudade dos memes, das páginas idiotas que eu curtia, das lembranças absurdas que apareciam para compartilhar.

2018 serviu pra que algumas máscaras caíssem. Para que algumas pessoas botassem pra fora tudo o de horrível que existe dentro delas. Serviu para mostrar que estamos longe de ser uma sociedade inteligente, tolerante e igualitária. Serviu para mostrar que somos preguiçosos, incapazes ou ignorantes demais para buscar “a verdade” e preferimos seguir as ondas, disseminar mentiras, cuspir nosso ódio e nosso rancor. E foi um processo bem doloroso.

E aqui venho explicar duas coisas. A primeira, a busca pela verdade, não é algo no sentido mais profundo, filosófico. É só sobre coisas como mamadeira de piroca, que né? nos poupem…  A segunda é que eu falo do meu lugar, com o peso da minha experiência, da minha vivência. Não falo por ninguém mais. São coisas, são modos de ver que dizem respeito a quem eu sou.  A como cheguei aqui. Não, não acho graça em piada racista, machista, etc. Simples assim. E, não, não é um pedido de desculpa. É como eu vejo que as coisas foram.

O ano termina com o Pelúcio Mor dando uma baqueada, me deixando meio louca, mas já entrando nos eixos e me unhando e perseguindo pela casa. Joco,o louco, em tratamento contra pneumonia e obesidade, Jorge e Cots vão bem, obrigada.

O ano termina com alguns dias de isolamento, de silêncio, de paz. Mas o medo ainda persiste, não posso evitar.

E não, por fim , não acredito que 2019 será um ano melhor. Porque o medo que eu sinto, as coisas que li, vi, ouvi em 2018 não apontam nesse sentido. Em 2018 abriram a caixa de pandora, fizeram questão de puxar tudo de ruim pra fora e fecharam a sete chaves a esperança, pra ela não poder se manifestar.

Provavelmente eu serei a mesma abestada de sempre. Com mais medo, com receio de expor ideias e andar por ai. Mas a luta é todo dia, toda hora. E a gente tenta não desistir.