O mundo se despedaça

Esse é o título de um livro de Chinua Achebe. Mas neste momento parece ser o título dos nossos dias.

Hoje um amigo faleceu. Depois de passar meses na UTI devido a um assalto em que ele foi espancado. Levaram sua mochila e sua bicicleta. Esse foi o preço da sua vida. Os assassinos seguem impunes, escondidos na miséria que lhes cabe. No anonimato, levando a merda de vida deles. E o Aguinaldo se foi.

Receber essas notícias é sempre um murro na cara. Uma tristeza sem fim. A mente volta aos tempos de alegria, de compatilhamento de ideias, abraços, sorrisos. Volta àquele tempo que fica na memória, que fica no coração, que foi imprescindível para sermos quem somos hoje. E aí vem o vazio, a dor. Um tempo em que sim, existia violência, mas ela parecia tão longe de nós. Tão longe da gente que passava o tempo sonhando.

Também lutávamos; também discutíamos o futuro e o presente, claro, ali na nossa cara. Mas a gente tinha tenho pra sonhar. A gente tinha condições de sonhar.

Hoje parece que até isso estão tirando de nós.

Estamos sendo mortos numa festa, na fila da lanchonete, na calçada. No meio da tarde de um sábado.

E poucos estão se importando. A dor é infinita.

Nos matam por falta de segurança, por falta de saúde, de vacina, de educação, de comida, de emprego. Nos deixam morrer um pouco – mas rápido – todo dia. Só desviam o olhar, quando muito.

O mundo está se despedaçando. Os sonhadores estão partindo. Os sonhos estão desaparecendo. Que triste é isso.

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