O sentido das coisas

Eu sempre quis saber se havia um sentido para as coisas. Para as coisas serem como são. Para as pessoas serem quem são. Um sentido para tudo o que existe.

Não penso em algo religioso. E para falar bem a verdade, não sei o que exatamente seria descobrir os sentidos das coisas. Pois pode haver mais de um sentido. Eu acho.

As pessoas parecem realmente acreditar que há um sentido. Parece assim quando afirmam que as dificuldade nos ensinarão a dar valor a nossas conquistas, que a distância mostra o verdadeiro sentimento, que nos piores momentos descobrimos quem nos ama de verdade.

E, de certa forma, eu tento acreditar nesses clichês. Porque, para além de qualquer coisa, eles são reconfortantes. E acreditar neles faz com que me sinta pertencente a alguma coisa. Coisa que também não sei o que é. Ou como se estabelece.

No meu silêncio, tento descobrir sentidos, sentimentos, qualquer coisa. E muitas vezes a única resposta que encontro é meu próprio silêncio. E esse silêncio me faz ter vontade de gritar. Ou rir. Ou comemorar. Ou chorar.

Chorar mesmo, aquele choro incontrolável. Aquele choro que faz o corpo tremer e balançar para frente e para trás. Que dá soluço e que leva ao sono. Um sono tranquilo e cansado.

E, ainda assim, não encontro respostas.

Penso na loucura, no desencaixe social das pessoas e das coisas. E no meu próprio. E rio ou choro. Ou choro e rio ao mesmo tempo, por que não?

A questão é que em alguns dias descobrir o sentido das coisas, da vida, da existência de tudo o que há – ou que penso que há – parece ser de fundamental importância. E nesses dias, me sinto inquieta. E leio, escrevo, observo, vejo filmes.

Talvez nada faça sentido. Nunca. Ou talvez eu queira encontrar algo que eu inventei e perdi nos balanços dos dias. Ou ainda tudo não passe do velho clichê: só descobriremos o sentido de tudo quando for tarde demais.

Será que algo disso faz sentido?