Começar de novo

No dia 27 de março de 2013 recebi em minha casa um novo filho: Joaquim Miguel.

Joaquim 28-03-2013

 A história dele começa um pouco antes, antes do carnaval. Segundo nossos cálculos ele deve ter nascido mais ou menos em 08 de janeiro de 2013, o que explicaria algumas coisas, das quais falarei mais tarde. Um mês depois, no dia 08 de fevereiro, enquanto tentava relaxar com meu digníssimo num bar, ele me falou sobre uma missão que tinha arrumado para nós durante o carnaval: cuidar de três gatinhos que haviam sido abandonados próximo ao trabalho dele em Sarandi.

Essa missão não era ir lá, alimentá-los, verificar se estavam bem, etc. Isso seria para outras pessoas. Para nós a coisa era um pouco mais complicada, digamos assim. Largamos nossa segunda cerveja ali, saímos apressados e fomos até Sarandi pra resgatar o três gatinhos.

Tentamos nos auto-iludir colando um cartaz onde eles tinham sido deixados, informando que caso não fossem doados até o fim do carnaval os deixaríamos ali novamente, para quem já estava tratando deles. Isso nunca aconteceu! Nossa garagem virou a casinha deles!

 

Com eles no carro voltamos, ansiosos, nervosos, como crianças que fazem coisas erradas e esperam que a mãe não descubra. Isso porque nossa família já era um pouco numerosa… Boris Eleotério (10 anos) é o felino mais velho e também o mais mimado. Ele tem um post aqui. Sua esposa Pandora Helena (10 anos) e o filho deles, Jorge Henrique (9 anos) também já foram temas de meus escritos. Depois deles temos o Isaac (5 anos), o Yogi (5 anos) e o Booboo (4 anos) na família felina e o Théo (que deve estar na casa dos 150 anos) da família canina.

Postamos nas redes, falamos com amigos, vizinhos, gente que gosta de gatos, um monte de gente. Meu digníssimo se dispôs a ligar para qualquer pessoa que por acaso tivesse deixado seu número numa página qualquer, elogiando um gato, declarando seu amor por eles… E nada.

Os filhotinhos cresciam e aprendiam a pular o cercadinho que fizemos para eles. Enquanto isso fomos tratando as doencinhas que tiveram, demos vermífugo, brinquedinhos, etc. Menos nome, pra não pegar amor também. Não fazia parte de nossos planos ficar com eles para sempre.

Um dia apareceu uma pessoa interessada em ficar com um filhote. Levamos eles até ela que escolheu um. Voltamos para casa só com dois. Aquela dor no coração por ter deixado um pra trás.

No fim, para encurtar essa história, decidimos que essa história de ficar procurando casa pra eles não rolava mais. Eles já tinham casa. Já tinham pais e irmãos. Ok. Só pais.

Enk está mais de boa, o clima chato está menos tenso por lá. Mas o Joaquim… Para começar ele é chato pra cacete! Meus gatos velhos, são velhos. São pacatos, e só querem fazer o que sabem fazer de melhor nessa vida: serem fofos e queridos. Joaquim é um bebê violento. Quer pular, morder, agarrar, meter a unha.Demos banho neles e nomes. Sophie e Joaquim Miguel. Sophie, na verdade é um menino, e agora se chama Enk. Mora com o digníssimo, com o Isaac, o Yogi e o Booboo. Joaquim Miguel veio comigo. Comigo, com o Boris Eleotério, a Pandora Helena e o Jorge Henrique.

Estou toda fatiada. Meu gatos velhos me olham com aquela cara acusadora de “você prometeu que não faria isso de novo, mãe!” E eu sou obrigada a argumentar “eu sei que prometi, mas o que vocês queriam que eu fizesse? Que o abandonasse por aí? Sujeito às maldades do mundo? Eu sinto muito, mas não poderia viver com isso, além do mais, vocês todos, com exceção do Jorginho também já passaram por isso, deveriam saber a importância de encontrar um lar cheio de amor…” E eles me olham sem expressão e depois olham para o pequeno demoninho chamado Joaquim e fazem aquela cara de desprezo que só um gato pode fazer!

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E não tenho como culpá-los! O Joaquim é mesmo um mala sem alça! Nos acorda no meio da noite para nos unhar e morder. Agora que sabe pular em tudo ataca os gatos quando eles estão tomando sol, bebendo água, lendo um livro comigo, se espreguiçando no travesseiro.

Rouba os brinquedos que os gatos estão usando, rouba os matos que os gatos estão comendo, se enfia na frente para comer a comida, passa na frente para beber a água, morde o rabo deles, mastiga a juba deles… Haja paciência!

Às vezes o Boris e o Jorge ignoram ele ou o agarram e o lambem, na expectativa de que ele aprenda as boas maneiras, aprenda a ser gentil e querido. E como ele agradece? Dando um golpe neles e mordendo ou unhando os coitados. Eu sei que é brincadeira, mas eles ficam ultra-estressados.

Até eu, super-hiper-mega amantes de felinos me estresso com ele! Não com ele destruindo as coisas. As coisas estão aí para eles todos destruírem mesmo, mas com a falta de noção dele!!! Ele vê os bichos quieto e revolte atazanar! E ainda faz cara de vítima quando leva uma patada!!!

Também me mato de rir, é claro, mas fico numa situação tensa. Os velhos estressados, rosnam, me olham bravos, me mordem para me punir. O Joaquim pula em mim, me morde e unha para brincar! É tão difícil!!!

É como me disse uma amiga, enquanto eu desabafava “também, nessa idade você resolve ter outro filho?”.

Agora me diz, se você, amante de gato, visse uma coisinha como o Joaquim Miguel olhando pra você, com essa cara de safado que ele tem… Duvido que teria feito diferente!

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O que eu preciso mesmo é que ele aprenda que a noite foi feita para dormir, que a mãe humana e que a família felina que o acolheu é formada por gente preguiçosa e que adora ficar morgando… Que as patas da mamãe não são arranhadores. Arranhador é aquela coisa que fica perto da janela e que ele insiste em desprezar.

Ou eu preciso de uma psicóloga que me auxilie nesse novo começo, ou de uma que ensine o Joaquim a ser menos hiperativo!!!!

E agora preciso tirá-lo daqui antes que ele realmente coma o fio do mouse…